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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO

GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO

GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO
Este assunto já foi parcialmente introduzido nesse site (veja abaixo)
ASSOCIAÇÃO GEOQUÍMICA, ABUNDÂNCIA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS, CLARQUE, METALLOTECTES, BACKGROUND, LIMIAR, NÉTODOS ANALÍTICOS, ETC (clique aqui)
VEJA TAMBÉM Noções de prospecção e pesquisa mineral CLICANDO AQUI
W. M. White em seu livro eletrônico http://www.imwa.info/geochemistry/, ou mais especificamente em http://www.imwa.info/geochemistry/Chapters/Chapter01.pdf
define que a Geoquímica utiliza ferramentas da Química para resolver problemas Geológicos, ou seja, utiliza-se a Química para entender a Terra e seus processos.
A Crosta Terreste é apenas 0,5% da massa da terra, mas é a parte mais importante por ser esta o foco da Geoquímica de Exploração, objeto do nosso interesse. A Crosta Terrestre, por sua vez, é dividida em Crosta Oceânica (composição geral basáltica) e Crosta Continental (composição geral granítica) – esse tema já foi objeto de disciplinas anteriores e não retornaremos aqui para evitar maiores delongas. A maior parte da Crosta Oceânica encontra-se submersa, enquanto a Continental emersa, contudo porções de crosta oceânica pretérita, porções do manto (Rochas Vulcânicas e Hipoabissais) solidificado são encontrados nesta parte emersa da crosta. Em superfície (ou próximo a ela) essas rochas sofrem alterações através dos processos sedimentares e, em maior profundidade, o metamorfismo,
No Capítulo aqui denominado de INTRODUÇÃO foram listados os principais processos formadores de Depósitos Minerais magmáticos, metamórficos e sedimentares (importante resgatar esse conteúdo e os fundamentos das Petrografias). As Anomalias relacionadas com as fases líquida, solida e gasosa são co-responsáveis não só pela concentração de elementos (e/ou minerais), mas também pela sua dispersão no entorno do Depósito Mineral. Halo geoquímico é a região que contém teores anormalmente elevados ou reduzidos de elementos químicos nas rochas encaixantes, solos, vegetação, águas superficiais e subterrâneas, de modo a revelar a presença de um alvo geoquímico. A origem do halo geoquímico está relacionada com os processos de formação do alvo (halo geoquímico primário), ou de sua destruição supergênica (halo geoquímico secundário).
Segundo Rose et al (1979), os modelos de dispersão secundária podem ser divididos em clásticos, quando a dispersão é feita basicamente por partículas sólidas em movimento (suspensão, arraste e saltação); hidromórficos, quando o agente dinâmico é uma solução aquosa com carga iônica (solução); e biogênicos, quando a movimentação é o resultado da atividade biológica (acumulação de detritos da atividade orgânica).
GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO
DEFINIÇÃO – É qualquer método baseado na medição sistemática de uma ou de várias propriedades químicas de material naturalmente formado.
Exemplos de Materiais Naturalmente formados: Rochas, Solos, gossans, sedimentos glaciais, vegetação, sedimentos de rios e lagos, água, vapos.
Foco da Exploração Geoquímica: descoberta de distribuições anômalas de elementos.
Escalas de Trabalho: Regional, Semi-Detalhe e Detalhe
10 a 1000 km2 = 1 amostra por 1 km2 a 1 amostra por 100km2
Regional – objetivo é detectar anomalias
Semi-Detalhe – Localizar o corpo mineralizado;
Detalhe – é o delineamento e a caracterização geoquímica do corpo mineralizado da maneira mais precisa possível (espaçamentos de 1 a 100 m)
OBS: OS ESPAÇAMENTOS DEVEM OBEDECER A REGULARIDADE (COEFICIENTE DE VARIAÇÃO ESTATÍSTICA).
Pode-se usar mapas geológicos, GEOFÍSICA, etc antes de decidir por um método mais caro.
DEFINIÇÃO DE GOLDSCHMIDT – A geoquímica se ocupa de dois ramos:
1. a determinação da abundancia relativa e absoluta dos elementos da terra;
2. o estudo da distribuição e da migração de elementos individuais em várias partes da terra com o objetivo de descubrir os principios, que controlam a distribução e a migração dos elementos.
OS PASSOS DE UMA EXPLORAÇÃO GEOQUÍMICA
1. Seleção dos métodos, dos elementos de interesse, da sensibilidade e a precisão necessárias e da rede de amostras. As seleções se toma com base nos custos, nos conhecimentos geológicos, na capacidade do laboratorio disponível e numa investigação preliminar ou nas experiências com áreas parecidas.
2. Programa de amostragem preliminar, que inclui análisis inmediata de algunas amostras tomadas na superficie e em varias profundidades no subsolo para establecer as margens de confiança e para evaliar os factores, que contribuem para o ruido de fundo. “CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA”
3. Análises das AMOSTRAS no terreno e em laboratorio, incluindo análises por medio de varios métodos.
4. Estatísticas dos resultados e evaluação geológica dos dados tomando em conta os dados geológicos e geofísicos.
5. Confirmação de anomalías aparentes, amostras canalizadas em áreas menores (rede de amostras com espaçamento curto), análises das amostras e evaliação dos resultados.
6. Investigação cruzando informações das amostras e análises adicionais e amostras tomadas na etapa anterior.
CLIQUE AQUI PARA AMPLIAR A LISTA DE CLARQUE DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS QUÍMICOS –
PRINCIPAIS MÉTODOS DA GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO
Dependendo dos objetivos do trabalho de exploração mineral podem ser utilizados Sedimentos de Corrente, Solo (Pedogeoquímica), Rocha (Litogeoquímica), Água ou ainda Concentrado de Batéia.
Em qualquer um dos métodos acima listados devemos responder as seguintes questões:
- Onde, O que e Como coletar a Amostra
- Qual o tamanho da fração a analisar
- Qual o método analítico a utilizar
Nos casos de amostragens para quantificação de Reservas Minerais essas respostas podem ser dadas pela Estatística (ver Classificação das Reservas Minerais Quanto a Regularidade – INTRODUÇÃO – 8a PARTE e em Litogeoquímica a seguir). Nos demais casos esse é uma questão mais complicada e depende de vários fatores (expectativa quanto ao tamanho do Depósito Mineral, foco/objetivo dos trabalhos, Geologia do Depósito, Padrões de Dispersão etc). ESTUDO ORIENTATIVO.
LINK COM GEOQUÍMICA APLICADA A EXPLORAÇÃO MINERAL DA CPRM
SEDIMENTO DE CORRENTE – Já mencionado anteriormente (ver TARGET), esse método é utilizado principalmente em Pesquisa Regional, onde o objetivo é definir um Alvo a ser estudado posteriormente. As amostras coletadas informam possíveis anomalias a Montante do local da coleta de amostra, pois o fundamento desse Método Geoquímico basea-se no fato de que o sedimento de corrente reflete a composição das rochas localizadas na bacia (ou sub-bacia) de drenagem estudada. As águas pluviais, ventos e outros fatores promovem o intemperismo e, subseqüentemente, o transporte das rochas até os córregos, riachos e rios e a partir destes, o transporte pelos sistema de drenagem da área.

CLIQUE AQUI PARA AMPLIAR A FIGURA ACIMA

manual da CPRM
A coleta de amostras deve obedecer a um planejamento prévio, onde as equipes devem ter em mente o que coletar, como coletar e quanto coletar em cada Estação de Amostragem. Uma idéia preliminar da área é essencial, não só da Geologia como também de Atividades Contaminantes (Agricultura, Pecuária, Indústria, Mineração ou Garimpagem, Habitações etc).
Via de regra se estabelece que o mínimo de amostra a ser coletada deve ser de 4 vezes maior que a alíquota a ser enviada ao laboratório para análise. 1 litro a 2 litros de amostra de sedimento de corrente tem sido a quantidade recomendada pela maioria das empresas.
No tocante a o quê coletar existe um elenco de proposições:
- Algumas empresas alegam que o sedimento de corrente (solo também) deve refletir o ambiente em que foram coletadas com a maior exatidão possível. Nesses casos as amostras costumam ser de uma quantidade maior e abrangendo todo o material (aluvião, água, vegetação etc).
- Outras orientam as equipes de campo a amostrarem apenas algumas frações granulométricas, implicando no uso de peneiras durante a coleta.
- Outras recomendam, além do peneiramento para uma determinada fração, uma pré-concentração manual com uso de batéia, visando amostrar os minerais mais pesados.
Onde Coletar também varia em conformidade com os objetivos da prospecção e em função da orientação de determinadas empresas sem aparente justificativa técnica. O cuidado com os contaminantes, evitando-se coletar amostras onde existam atividades agrícolas, industriais, etc é uma recomendação generalizada. Coletar somente o Sedimento situado no Leito Ativo de Corrente (ou seja aquele que está sofrendo transporte ou que foi transportado pelas últimas correntes) vai ao encontro dos objetivos aqui descritos de conhecer a composição química dos elementos das rochas localizadas na Bacia (ou sub-Bacia) de Drenagem. Entretanto, algumas empresas orientam coletar amostras compostas abrangendo toda o leito do rio, enquanto outras, objetivando os minerais pesados, recomendam a coleta na porção de deposição dos rios evitando as margens de erosão.
O Serviço Geológico Britânico recomenda, na fase de Pesquisa Geoquímica Regional uma densidade de 1 amostra a cada 1,5 Km2 (quilometros quadrados) podendo sofrer um adensamento maior naqueles afluentes que apresentaram anomalias. Uma outras regra é coletar amostra na confluência de rios, independentemente.
A Estação de Amostragem deve ser locada com GPS, as amostras devidamente identificadas e acondicionada em sacos ou outro tipo de embalagem adequado.
Aqui o conceito de Associação Geoquímica, Elemento Farejador é muito importante, enquanto aqueles relacionados a Cut-Off, Teor Crítico não tem muito sentido nesta fase.
A CPRM, em seu Manual de Geoquímica recomenda o seguinte:
3. ATIVIDADES DE CAMPO
3.1. Generalidades
- Realizar a coleta de material segundo técnicas e procedimentos pré-estabelecidos. As coordenadas dos pontos de coleta devem obrigatoriamente ser obtida com GPS.
- A amostra deverá ser coletada nas zonas de deposição de finos da calha da drenagem.
- A quantidade de material (sedimento e solo) deve ser: aproximadamente 2-3 kg de material peneirado em campo na fração 60 mesh (peneira de nylon) nos sedimentos de corrente; e 1 kg de solo.
- O material enviado para análise deverá ser em quantidade suficiente para fornecer aproximadamente 100g de finos (< 230 mesh, 63 μm). Esta será a granulometria adotada para análise.
- As amostras duplicatas de campo (10%) devem ser coletadas em local próximo da amostra original, permitindo a utilização para estudos de variância. As duplicatas de campo ficarão restritas aos sedimentos de corrente.
3.2.1. Amostragem em drenagens
- As amostras de sedimento ativo de corrente devem ser coletadas no canal ativo da drenagem, abaixo do nível de água (drenagens com água corrente), nos trechos retilíneos e na quantidade determinada.
- O adensamento da amostragem pode ser diferenciado por questões relacionadas à
importância das áreas amostradas e acesso, porém respeitada a dimensão da área da
drenagem (entre 50 e100 km2).
- A amostragem dos materiais de drenagem deve ser sempre composta, com a coleta definida
numa faixa em torno de 100 m ao longo da drenagem, a montante do acesso.
3.2.2. Amostragem em solos
- Serão coletadas 3 amostras de solo, por município. As amostras de solo deverão ser
coletadas nos primeiros 25 cm, nas faixas onde o solo for mais espesso.
- As amostras deverão ser compostas numa área ou faixa com utilização agrícola única e de composição similar entre as sub-amostras.
3.2.3. Amostragem de água
Na amostragem de água atender os procedimentos determinados no MANUAL
3.3. Preenchimento da Ficha de Campo e envio das amostras para o Laboratório
- A cada amostra corresponde, obrigatoriamente, uma ficha de campo de amostra geoquímica, formulário ou registro em meio magnético, onde são anotados número, localização e características próprias e do local onde ocorre a amostragem.
- Cada amostra coletada recebe um número de laboratório atribuído pelo setor competente da unidade que realiza o trabalho, de seis dígitos alfanuméricos: o primeiro, alfabético, define a unidade de origem e os demais, dois alfabéticos e três numéricos, são seqüenciais e não repetitivos.
- As amostras, devidamente embaladas em conjuntos com um máximo de 100, constituindo um Lote, devem ser encaminhadas ao laboratório.
- As amostras de sedimento de corrente e de solo serão analisadas em laboratório comercial por ICP-AES para 32 elementos com digestão por água régia, para Hg por AAGV, para Se por AAGH com digestão por HNO3+H3PO4, Figura 2.
- Nas amostras de solo será analisado o mesmo conjunto de elementos, porém com duas aberturas diferentes, EDTA 5% e abertura total.
- Em torno de10% de duplicatas de campo das amostras de sedimentos que forem analisadas em laboratórios externos deverão ser enviadas para análise no LAMIN. As amostras duplicatas de campo de sedimentos enviadas ao LAMIN serão analisadas pelo pacote de ICP-AES com abertura por água régia.
- As amostras de água serão enviadas para o LAMIN, para análise química. Serão analisadas por ICP/AES para 30 elementos (cátions) e por cromatografia de íons para 7 ânions.
- No envio das amostras para análise no laboratório deverão ser especificados detalhadamente todos os procedimentos de preparação de amostra e de análise, bem como a exigência de devolução das alíquotas restantes.
3.4. Recomendações gerais
- Depois de selecionados o tipo de preparação das amostras e o procedimento analítico, estes ficam estabelecidos como padrão para o projeto. E uma requisição dessas análises deverá acompanhar cada lote de amostras encaminhado para o laboratório.
- Todos os locais de coleta de amostra deverão ser fotografados em duas posições: uma de forma a abranger a paisagem mais ampla possível e outra no local da coleta.
- As amostras de sedimento e solo enviadas para análise deverão, se possível e sem prejuízo da segurança utilizarem transporte terrestre segurado. As amostras de água e aquelas em regiões onde o transporte terrestre não for seguro, utilizarão transporte aéreo.
3.5. Arquivamento de amostras e alíquotas
- As alíquotas e parte das amostras não utilizadas deverão ser armazenadas nas unidades operacionais que possuírem condições de armazenamento seguro, gerenciado por um banco de dados para recuperação e identificação rápida, constando de coordenadas, classe da amostra, lote, nº de campo, nº de laboratório e peso.
TIPOS DE ANÁLISES QUÍMICAS EM PESQUISA MINERAL (GEOSOL - LAKEFIELD)
ABSORÇÃO ATÔMICA (AA) - Determinações de metais em nível de ppm para exploração geoquímica. Dissolução das amostras de material geológico por digestão com água régia a quente, digestão multiácida (fluorídrico, nítrico, clorídrico e perclórico) ou por outras técnicas de abertura. Elementos usuais e limites de detecção (ppm) = Ag (1) Bi (10) Cd (1) Co (2) Cr (2) Cu (2) Fe(2) K (10) Li (5) Mn (2) Mo (5) Na (10) Ni (2) Pb (5) V (10)
Zn (2). Limite superior de teor = 5.000 ppm (0,5%), exceto Fe (1%).
PLASMA ICP - GEOQUÍMICA MULTIELEMENTAR - Propicia dosagem simultânea de um conjunto de 30 elementos em nível de ppm. A digestão com água régia é o método preferencial por apresentar melhor sensibilidade. A digestão multiácida assegura dissolução mais eficiente da amostra, mas apresenta limites de detecção mais elevados em vista da maior concentração dos sais resultantes.
Determinação de 30 elementos ICP Água Régia = Ag Ba Be Cd Cr Cu Li Mo Ni Sc Sr Zn Zr Y (1 ppm) Co Pb Sb V (3 ppm) Bi Sn W (10 ppm) La B (10 ppm) Al Ca Fe K Mg Mn Na P Ti (0,01%). Limite superior 5.000 ppm.
Determinação de 30 elementos ICP Digestão Multiácida = Ag Ba Be Cd Cr Cu Li Mo Ni Sc Sr Zn Zr Y (3 ppm) Co Pb Sb V (8 ppm) Bi Sn W (20 ppm) La B (10 ppm) Al Ca Fe K Mg Mn Na P Ti (0,01%). Limite superior 5.000 ppm.
FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X - Método particularmente indicado na pesquisa de elementos que não são detectados ou não apresentam boa sensibilidade por outras técnicas. Elementos e limites de detecção (pellet de pó prensado) As (30) Sn (5) Ta (10) Ba (10) Sr (5) Th 5) Br (30) P (50) (W (10) Cs (5) Ga (5) U (10) Cl (20) Hf (10) Y (3) S (50) Nb (5) V (10) Sc (10) Rb (5) Zr (5). Limite superior 5.000 ppm.
GERAÇÃO DE HIDRETOS - A/A - Para detectar As, Se ou Sb (1 ppm a 5.000 ppm) o Lakefield Geosol emprega o método de geração de hidretos conjugado com absorção atômica. Para a determinação de Hg usamos a técnica de geração de vapor frio/ AA (0,05 ppm a 5.000 ppm).
OURO - GEOQUÍMICA ( ABSORÇÃO ATÔMICA ) - Determinação de ouro com ataque água régia a quente e extração por solvente orgânico. O ouro é determinado por Absorção Atômica. Disponíveis dois processos, alcançando detecção de 0,05 ppm ou 1 ppb.
OURO - FIRE-ASSAY - É uma análise quantitativa pelo qual o metal é separado por fusão em meio redutor por fusão em meio redutor, dissolvidos em água régia e determinado por Absorção Atômica.
Alíquota de 30 gramas – Limite de Detecção: 5 ppb
Alíquota de 50 gramas – Limite de Detecção: 3 ppb
OURO BLEG - (BULK LEACH EXTRACTABLE GOLD) - Submissão de amostra à cianetação seguida da determinação do ouro via fire assay, no lixiviado, limite de detecção: 0,5 ppb.
PLATINA, PALÁDIO, RÓDIO, OURO – FIRE ASSAY - A amostra sofre fusão com óxido de chumbo resultando na coleta dos metais em botão, o qual é copelado para separa-los em pérola. Esta é dissolvida e a solução analisada por absorção atômica. O ródio é determinado com fusão especial. Limites de detecção: Pt = 10 ppb, Pd = 2 ppb, Rh = 2 ppb, Au = 5 ppb.
MINERAÇÃO E PESQUISA MINERAL
Análise de rochas industriais (calcário, bauxita, dolomita, magnesita, fosfatos, argilas, caolim, feldspato, barita e outros).
Análise de minérios metálicos (ferro, manganês, niquel, metais básicos –Cu Pb Zn – nióbio, titânio, e outros).
Análise de metais nobres Ouro / Platina
FUSÃO COM TETRABORATO
Minério de Ferro -Fe Mn Al Si P - Minério de Manganês Mn Fe Si Al P Ca Ti Ba Na K - Silicatos (Argila, Caolim, Bauxita, Feldspato) Al Si Fe Ca P Ti Ca K Mn Mg - Calcário, Dolomito, Magnesita Ca Mg Si Al Fe P Ti Na K Mn Perda ao Fogo - Fosfato e Rocha Fosfática P Ca Fe Si Al Ti Ba Mg – Cromita Cr Fe Mg Ca Si Al - Minério de Níquel Ni Co Cu Fe Mg Cr Ca Si Al - Minério de Titânio Ti Fe Al Si Ca Mg Cr Ni V - BaritaBaSO4 Mg Si Al Ca Na K
MINÉRIO METÁLICO - FUSÃO COM PIROSSULFATO DE POTÁSSIO
Cromo (Cr) - Cobre (Cu) - Cobalto (Co) - Chumbo (Pb) - Níquel (Ni) - Molibdênio (Mo) - Ferro (Fe) - Tungstênio (W) - Zinco (Zn)
FUSÃO OU SOLUBILIZAÇÃO ESPECIAL
Minério de Estanho (Sn Fe Si Al Ti Nb Ta) Tantalita ou Columbita (Ta Nb Sn Ti Mn V Fe)
Scheelita ou Wolframita (W Mo Si Ca Al Sn P) Minério de Urânio ou Tório (U Th)
OURO, PLATINA, PALÁDIO Au Pt Pd Fusão-Copelação (Fire Asssay) Determinação via Absorção Atômica ou Plasma ICP
ELEMENTOS DE TERRAS RARAS - Ce, La, Nd, Sm, Pr, Y
RELATÓRIO DE ANÁLISE QUÍMICA EMITIDO PELO LABORATÓRIO ALS CHEMEX (CLIQUE ABAIXO PARA VER):
- PRIMEIRA PÁGINA
- SEGUNDA PÁGINA
- TERCEIRA PÁGINA
- QUARTA PÁGINA
PLANILHA DE COLETA DE AMOSTRA E RESULTADOS ANALÍTICOS
PLANILHA 1ª PARTE
PLANILHA 2ª PARTE
PLANILHA 3ª PARTE
CLIQUE AQUI PARA VISUALIZAR O EXEMPLO DE UM MODELO ACIMA (INFORMAÇÕES REAIS)
APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS
Os cuidados gerais com as amostras, expedição para laboratório, organização do Banco de Dados, entre outros são serviços típicos do Técnico de Geologia e Mineração. Já a interpretação dos dados e sua apresentação em Mapa são tarefas do pessoal de nível superior e com experiência (os chamados geólogos seniores).
Esses Mapas basicamente apontam os locais anômalos, segundo os critérios de Anomalia definidos pelo(s) responsável (eis) pelo Projeto. O chefe ou a equipe coordenadora do projeto definirá se recomenda ou não a Diretoria da empresa a continuidade do Projeto.
PEDOGEOQUÍMICA
Via de regra, após a identificação de uma anomalia por Sedimento de Corrente, o trabalho seguinte é delimitar essa anomalia através de coleta de amostras de Solo (Pedogeoquímica). Alguns já classificam essa etapa como de semi-detalhe.
O solo pode estar “in situ” ou ter sofrido transporte (Solo Transportado). O solo “in situ” é produto da alteração das rochas subjacentes e fornece informações pontuais do material situado imediatamente abaixo da amostra colet. Ao contrário do Sedimento de Corrente que fornece informações do material a montante do local da coleta da amostra.
Aqui os conceitos de Halo Secundário e Dispersão Geoquímica ganham em importância.
SOLO é a camada que recobre as Rochas, sendo constituído de proporções e tipos variáveis de Minerais (formados por Intemperismo da rocha subjacente, a rocha-mãe) e de húmus (matéria orgânica decomposta por ação de organismos do solo).
Horizonte O: representa a matéria orgânica presente na superfície
Horizonte A: representa a região em que o solo perde material para as camadas mais profundas
Horizonte B: local em que se acumulam os materiais perdidos pelo horizonte A
Horizonte C: rocha matriz decomposta
Horizonte R: rocha matriz não decomposta
Outra divisão do Perfil do Solo
O solo é dividido em horizontes segundo sua composição e modificações pelas quais passou:
Horizonte A- horizonte mais superficial, rico em matéria orgânica e com grande atividade biológica dada por uma fauna e flora própria.
Horizonte E- de cor mais clara, devido à retirada de matéria orgânica, e óxidos de ferro e alumínio.
Horizonte B – de cor mais escura, devido ao acúmulo do material trazido do horizonte E
REGOLITO (SOLO) – Capeamento natural das rochas (manto de intemperismo), inconsolidado, composto por fragmentos de rocha e solo, incluindo solo transportado, solo autóctone, depósitos residuais.
- Camada de sedimentos resultantes da fragmentação de rochas subjacentes.
Saprolito – Horizonte C- constituído por rocha em vários estágios de alteração in situ, e também conhecido como saibro. No saprolito ainda é possível distinguir algumas estruturas originais da rocha, como foliação, veios feldspáticos, falhas, fraturas, gnaissificação, etc.
Geralmente as amostras de solo são coletadas segundo uma Malha pré-estabelecida com espaçamento entre as linhas de amostragem e afastamento das amostras dentro destas Linhas. As Linhas, via de regra, são perpendiculares ao “trend” principal ou a Direção do Corpo de Minério. Inicialmente realiza-se Malhas mais espaçadas para depois adensá-la caso os resultados justifiquem (follow-up).
Em todos os Métodos Geoquímicos pode se fazer uso do follow-up.
As amostras são coletadas até o nível do Saprolito com auxílio de equipamentos como pás, picaretas, trado manual ou mecânico (dependendo da profundidade do solo). Num primeiro estágio a equipe de coordenação do Projeto pode entregar ao técnico uma planilha com as coordenadas pré-estabelecidas de coleta de amostras (no MapInfo isso pode ser feito com o “Coordinates Extractor” no Menu “Tools” e “Run MapBasic Program). O Técnico de Geologia ou de Mineração navega com GPS até a coordenada e procede a coleta.
No Estado do RN (e em quase todos os Estados do semi-árido do Nordeste) o solo é muito raso, dispensando o uso de equipamentos para coletas mais profundas. O padrão de dispersão e a formação de Halos, por esta razão, são mais restritos implicando, via de regra, em Malhas mais adensadas.
O espaçamento da Malha é definido pela chefia (e/ou coordenação) do projeto levando em consideração a mobilidade do elemento / dispersão e halos geoquímicos (a espessura do solo ajuda nessa definição), tamanho do Depósito e o tamanho da área identificada como anômala pelos trabalhos prévios. Se a Malha for muito aberta (espaçamento e afastamento muito distantes) corre-se o risco de perder o alvo, pois o mesmo pode estar entre as linhas ou as amostras. Se a Malha for muito apertada corre-se o risco de estar gastando recursos financeiros desnecessariamente em um alvo pouco promissor.
CLIQUE AQUI PARA AMPLIAR O MAPA ACIMA
O Mapa acima é de um veio de quartzo mineralizado em ouro. Desejamos realizar uma Malha de Amostragem Pedogeoquímica para determinar se a mineralização continua a noroeste do corpo. O Chefe do Projeto determinou a coleta segundo 5 linhas perpendiculares a direção do corpo espaçadas de mais ou menos 100 m entre si e coleta de 5 amostras em cada linha afastadas de aproximadamente 20 metros de eqüidistância. A amostra central deve se situar na linha que é a projeção da direção do corpo para NW. Apresente uma Tabela com as coordenadas de cada amostra a ser coletada e relate os procedimentos com GPS para navegar até cada um desses locais. Apresente também o Rumo das Linhas de Amostragem.
OBS: Mapa acima – Coord. UTM, Datum SAD69, Zona 24.
FICHA DE DESCRIÇÃO E CONTROLE DE AMOSTRAGEM (CLIQUE AQUI PARA VER)

CLIQUE AQUI PARA VER:
- TABELA DE DIMENSÕES DAS AMOSTRAS DE CANAL

- TABELA DO ESPAÇAMENTO ENTRE AS AMOSTRAS

LITOGEOQUÍMICA
Basicamente dois tipos de amostragem Litogeoquímica são realizadas: Chip Sample (ou amostras de pedaços de rocha) e Amostragem de Canal (também chamada de Channel Sample). Ambas podem ser utilizadas em campanhas de amostragens sistemáticas visando a Cubagem de Reservas Minerais, entretanto, utiliza-se prioritariamente as Amostragens de Canal, conforme a espessura do minério e o coeficiente de Variação. Reveja as Tabelas de Amostragem de Canal acima, tanto as dimensões do canal como o espaçamento entre as amostras para que tenhamos uma amostragem representativa e apropriada ao Cálculo de Reservas Medidas. Essas tabelas já foram apresentadas em INTRODUÇÃO, Parte 8.
As amostras de canal são coletadas com equipamentos pontiagudos manuais ou mecânicos pneumáticos semelhantes a marteletes. Uma lona é colocada abaixo do local de amostragem para que a rocha amostrada caia sobre ele, evitando contaminações. A largura da amostra e a profundidade devem seguir as recomendações estatísticas e o comprimento deve ser igual à espessura da camada. Uma variação da amostra de canal é a denominada Amostra de Painel, utilizada para maior detalhamento pois a largura é de no mínimo 2,o metros.
Aqui os conceitos de Teor de Corte (cut-off), Crítico, Diluido começam a ganhar em importância e, ainda mais a medida que os trabalhos evoluem visando a quantificaçao do Depósito Mineral. As comparações com Depósitos Padrão (ou Jazida Tipo) devem ser consideradas, desde que a amostragem seja na Rocha Hospedeira da mineralização (etallotecte ou minério). É que as vezes a Hospedeira não é estabelecida prontamente e se faz necessário delimitar a partir do Halo de Dispersão primário. Nesse caso, ainda não cabe se pensar naqueles teores supra-mencionados e muito menos em quantificar o Depósito Mineral.
O Técnico de Geologia e Mineração devem acompanhar essas amostragens visando assegurar as dimensões requeridas e o espaçamento entre as amostras para que se tenha uma amostragem representativa e sem contaminação. A embalagem, a identicação da amostra, expedição para laboratório, etc. também é função do técnico.
CONCENTRADO DE BATÉIA
Pode ser aplicado em quaiquer dos métodos anteriores, pois este método visa a concentração de minerais pesados para ressaltar possíveis anomalias.
Os defensores desse método afirmam que, se o objetivo da Pesquisa Mineral é Minerais pesados (ouro, scheelita, tantalita, etc) o concentrado de batéia apresenta maior probabilidade de se obter resultados positivos, diminui a possibilidade de erros analíticos devido a baixa concentração do elemento procurado ou seu farejador. Por outro lado, dependendo da abundância do elemento, do estágio do trabalho de prospecção, entre outros fatores, o concentrado de batéia pode oferecer informações importantes ainda no campo. A antecipação das informações favorecem as tomadas de decisão e agilizam alguns procedimentos em campo.
Aqueles que argumentam contrariamente ao Método de Concentrado de Batéia explicam que o Material enviado ao laboratório é constituído dos minerais mais densos. Obviamente isso é uma grande distorção da realidade, ou seja, das características do material original. Ademais são perdidos alguns minerais leves que podem dar informações importantes da presença do metal procurado, como por exemplo, as muscovitas de pegmatito que geralmente catalizam íons de Ta ou adsorvem esse metal se o mesmo estiver presente no pegmatito. No concentrado de batéia esta informação estaria perdida.
De qualquer forma, a aplicação de Concentrado de Batéia em Pesquisa Mineral deve levar em conta o estágio do projeto, o que se coleta, entre outras informações. A presença de Ta em muscovita pode não ter nenhuim significado econômico, uma vez que a presença do mesmo como traços não excitaria o investidor a prosseguir com os trabalhos se os mesmos já se encontram na fase de detalhe ou mesmo semi-detalhe.
ALGUNS PARÂMETROS BALISADORES DA GEOQUÍMICA DE EXPLORAÇÃO
Algumas informações gerais são muito importantes para definir uma possível anomalia, teores nomais e limiares, elementos farejadores, afinidades etc. são apresentadas sumariamente aqui. A título de exemplificação, a Mobilidade de certos elementos em função do ambiente (ver Tabela de classificação a seguir) ajuda a definir qual o melhor farejador, naquela área, para determinados elementos químicos.
ABUNDÂNCIA DE ELEMENTOS QUÍMICOS NA CROSTA, ROCHAS, SOLOS E ÁGUA (ppb)

Parâmetros limiares de qualificação de sedimentos (clique aqui para ampliar a Tabela acima)

CLASSIFICAÇÕES GEOQUÍMICAS DOS ELEMENTOS: 1. SEGUNDO CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS (GOLDSCHMIDT (1937, 1954) e 2. SEGUNDO CRITÉRIOS DE ABUNDÂNCIA E RELAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS

CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO À MOBILIDADE RELATIVA DOS ELEMENTOS NO AMBIENTE SECUNDÁRIO

CONTROLE DE QUALIDADE DE AMOSTRAGEM
Todo o trabalho de campo, recursos investidos em pessoal, infra-estrutura, equipamentos, etc., bem como o futuro de prospecto “esbarra” no Laudo Laboratorial dos resultados de teor de amostras coletadas.
Uma coleta mal feita, um controle deficiente das amostras, preparação das amostras (moagem, homogeneização, ataque químico e quarteamento) passivas de contaminação e análises químicas (método analítico inadequado, pessoal despreparado e/ou equipamentos imprecisos) podem levar a descartar áreas promissoras ou influenciar investimentos desastrosos.
As empresas investem cada vez mais em Programas de Qualidade de Amostragem (bem como na capacitação de pessoal) visando a Acurácia, Precisão e a Confiabilidade da Coleta e do laboratório que analisa as amostras. Alguns manuais recomendam simplesmente a coleta de duplicatas a cada “X” amostras coletadas visando testar se a confiabilidade do laboratório. Essa quantidade “X” varia de empresa para empresa.
A duplicata é enviada ao laboratório como se fosse uma amostra qualquer, ficando com o Técnico de Mineração o Controle dessas amostragens, em um Banco de Dados para posterior averiguações.
Outras empresas fazem um controle mais rigoroso no seu Programa de Qualidade. Assim, a cada “X” amostras, é enviada ao laboratório: (a) uma Duplicata; (b) uma amostra “Branca”, ou seja, sem teor algum daquele elemento que se pesquisa; (c) uma Amostra Padrão onde se conhece o teor dos elementos pois os mesmos foram analisados em outros laboratórios e naquele para o qual se está enviando a amostra.
Na Ficha de Amostragem (ver abaixo mais uma Ficha de Descrição e Controle de Amostragem, além de duas já mostradas nessa página), o técnico controla quem é quem.
PLANILHA DE DESCRIÇÃO E CONTROLE DE AMOSTRAGEM (VER PLANILHA A, B e C ACIMA)
A Ficha de Controle de Amostras, aquela que acompanha a amostra e que fica com o Técnico tem um local apropriado para o técnico indicar que tipo de amostra é aquela que está sendo enviada ao laboratório. Note que, para o laboratório vai apenas a amostra e a ficha destacável abaixo somente com o número da amostra (veja abaixo).
FICHA DE AMOSTRAGEM – CONTROLE DE QUALIDADE DE AMOSTRAGEM (clique aqui para ampliar)

EVOLUÇÃO TEÓRICA DE UMA CAMPANHA DE AMOSTRAGEM GEOQUÍMICA

CLIQUE AQUI PARA AMPLIAR
A figura acima ilustra teoricamente a evolução, sob o aspecto geoquímico, de um Alvo. Primeiramente é delimitada uma região anômala a SE a montante de uma pequena área estudada, através de sedimento de corrente. Foi considerada ANOMALIA os teores acima de 20 ppb. Em seguida é realizado uma campanha pedogeoquímica onde um corpo de minério é localizado com Direção N 30º W o qual é paralelo ao “trend” regional. As Linhas de Solo foram planejadas tendo em vista o “trend” regional observado em fotografias aéreas e Imagens de Satélite. A área situa-se em Caicó, Estado do RN, em pleno semi-árido Nordestino, com solo de pequena profundidade e halo de dispersão restrito, apesar da Mobilidade do Ouro nesse ambiente ser considerada alta. Os resultados de teor não estão apresentados na figura, mas espera-se, devido o ambiente geoquímico teores elevados, muito próximo daqueles em rocha. O maior teor encontrado foi 1.350 ppb e o menor abaixo do limite de detecção (fire assay).
Localizado o corpo foi realizada uma amostragem Litogeoquímica do tipo Chip Sample numa eqüidistância de 45 m aproximadamente para, na dependência dos resultados, realizar um follow-up com um maior adensamento. O corpo apresenta uma extensão de 400 m e espessura aparente de 40 m. Se o teor médio estiver em torno de 1 ppm em superfície pode tratar-se de um bom prospecto. Serviços de Trincheira, Sondagem, etc serão necessários se o prospecto prosperar.
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Geoquímica Analítica- Especialmente ouro


Para mais informações :

http://www.ige.unicamp.br/site/aulas/9/Cromatografia.pdf

Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
1
Jacinta Enzweiler
Materiais como rochas, minérios, minerais, águas, solos contêm um grupo
numeroso de constituintes. Quando se deseja analisar uma amostra de um desses
materiais, o procedimento consiste em identificar (e quantificar) os seus
constituintes. Por exemplo, uma amostra de água pode ter vários tipos de íons
dissolvidos, e pela sua análise pode-se identificar e quantificar os cátions e ânions
presentes. Em algumas situações, o analito pode ser determinado sem que seja
necessário separá-lo da sua matriz. Por exemplo, o ânion fluoreto pode ser
quantificado em amostras de água com um eletrodo seletivo a F-, sem a necessidade
de efetuar nenhuma separação. Mas com muita frequência, os componentes
presentes nas amostras interferem mutuamente e, em casos extremos, o sinal
analítico resulta insuficiente para detectar (e/ou quantificar) o componente desejado.
Isto significa que antes de efetuar a identificação e a determinação propriamente
dita, os componentes desejados devem ser separados da mistura. Em geral,
separações são efetuadas a partir líquidos ou gases. No caso de rochas, em várias
situações, separam-se minerais. Mas para separar seus elementos constituintes, as
amostras sólidas devem ser preliminarmente dissolvidas.
Há várias maneiras de separar componentes de misturas. Por exemplo, a
precipitação de SiO2 após a fusão da amostra de rocha com fundente e a dissolução
completa do produto em ácido clorídrico, seguida da filtração do precipitado é uma
separação da sílica dos demais componentes da amostra. Outro tipo de separação é a
extração com solventes. Neste caso, adiciona-se um solvente orgânico à solução
aquosa que contém o componente desejado. Se este for muito mais solúvel na fase
orgânica do que na fase aquosa, depois de agitar a mistura, o componente desejado
se distribui ou parte (de partição) preferencialmente na primeira. Quando a mistura
de líquidos é deixada em repouso, as fases se separam e a fase (aquosa) indesejada
pode ser removida. Um exemplo deste tipo de separação em geoquímica é a
determinação de ouro em amostras mineralizadas. O ouro da amostra é dissolvido
em água régia (HCl:HNO3 3:1). Em solução ácida, o ouro dissolvido forma um
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
2
complexo com o ânion cloreto, ([AuCl4]-), o qual é muito solúvel numa determinada
cetona (metil isobutil cetona ou MIBK). A maior parte dos outros íons dissolvidos
(p.ex. Fe3+), que poderia interferir na medição instrumental de Au é pouco solúvel
nesta cetona. Este método químico simples de separação do ouro é bastante usado
para determinar o metal por espectrometria de absorção atômica.

Outra técnica de separação de componentes é a cromatografia. Este termo é
atribuído a um botânico russo, do início do século XX. Ao passar um extrato de
pigmentos de folhas em éter ou álcool, por um tubo de vidro preenchido com
carbonato de cálcio, ele observou que depois de algum tempo havia várias bandas,
com diferentes cores. Daí a palavra cromatografia ou escrita com cores (chroma=cor
e ghrafos=escrita). Ao longo do século XX, após a agregação de muita inovação, a
cromatografia firmou-se com uma técnica essencial para a análise de amostras
constituídas por misturas. Em outras palavras, trata-se de uma técnica analítica
quantitativa e qualitativa em que os componentes de uma mistura são separados
com base na sua partição entre uma fase estacionária (fixa) e outra fase (móvel).
Há vários tipos de cromatografia. Se os constituintes a serem separados estão
numa solução, isto é, a fase móvel é um líquido, a cromatografia é denominada
líquida. Se a fase móvel é gasosa, a cromatografia é gasosa. A fase estacionária (o
material que preenche o tubo que denominamos coluna e onde ocorre a separação),
em geral é sólida, mas há algumas situações em que pode haver um líquido
adsorvido no sólido.
Na Figura 1 há uma representação de uma coluna preenchida com uma fase
estacionária (a). Em (b) um volume definido da mistura a ser separada (a amostra) é
colocado na coluna, que num cromatógrafo em uso é continuamente alimentada com
a fase móvel, o eluente. A introdução da amostra na coluna é denominada injeção,
pois num cromatógrafo isto é feito com uma seringa e uma agulha. Depois que o
líquido injetado já passou por um trecho da coluna (c), há três bandas com cores
diferentes, cada uma indicando um componente da amostra. Pode-se deduzir que
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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cada componente da amostra passa com velocidade diferente pela coluna. Em outras
palavras, os componentes mais lentos são mais fortemente retidos do que aqueles
que passam mais depressa. Os componentes são separados por eluição, isto é, a
adição contínua de eluente os desloca até a saída da coluna (d), onde eles são
coletados separadamente (e) para serem identificados e quantificados.
a b c d e
a b c d e
Figura 1. Representação de uma coluna cromatográfica (ver texto)
Em geoquímica analítica a cromatografia é utilizada em várias situações. Um
exemplo é a separação dos elementos terras raras dos demais elementos após a
dissolução de rochas. Em análises isotópicas usadas em geocronologia, os isótopos
radioativos e radiogênicos de interesse são medidos por espectrometria de massas
termoiônica após a dissolução dos minerais ou rochas e a separação cromatográfica
dos elementos indesejados.
As separações cromatográficas podem ser efetuadas em instrumentos
chamados cromatógrafos. Estes, além da coluna com a fase estacionária onde é feita
a separação, possuem detetores acoplados, para que os componentes ao saírem da
coluna já sejam imediatamente identificados e quantificados.
Os cromatógrafos podem ser de muitos tipos dependendo da fase móvel
(líquido ou gás), da fase estacionária (tipo de sólido ou líquido adsorvido em sólido).
Na Tabela 1 há uma classificação das diferentes técnicas cromatográficas usadas para
as mais diferentes finalidades analíticas.
Coleta dos
componentes
Introdução
da amostra
amostra
Coluna com
a fase
estacionária
Adição de
eluente
amostra
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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Tabela 1. Classificação das técnicas cromatográficas
A cromatografia líquida é usada para realizar análises de águas, isto é,
determinar a concentração de ânions (e também cátions) presentes. Neste caso, os
analitos são íons e a técnica é denominada cromatografia de íons.
A cromatografia de íons é efetuada passando a amostra líquida (fase móvel)
por uma coluna que contém uma resina de troca iônica (fase estacionária). A
separação dos íons se dá por troca iônica com grupos funcionais da resina.
Troca iônica
A troca iônica pode ser descrita como uma reação, onde um substrato sólido
possui grupos funcionais carregados, neutralizados por íons de carga oposta, que
podem ser substituídos por outros íons, conforme abaixo:
A + + B + R - « A + R - + B +
O equilíbrio da reação acima pode ser escrito como:
{ } { }
{ } { }
{ } { }
{ + - } { + }
+ - +
+ + -
+ - +
=
×
= ×
B R / B
A R / A
A B R
A R B
KAB
onde A+ e B+ são íons monovalentes
sólido Gás-sólido adsorção
Partição entre
gás e líquido
Líquido Gás-liquido
adsorvido no
sólido
Gasosa gás
Resina de Troca iônica Troca iônica
troca iônica
sólido Líquido-sólido adsorção
Partição entre
fases
imiscíveis
Líquidolíquido
Líquido
adsorvido no
sólido
Líquida líquido
Tipo de
equilíbrio
Método
específico
Fase
estacionária
Classificação Fase móvel
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
5
R= trocador ou resina
A constante de equilíbrio K é o coeficiente de seletividade e depende da
pressão, temperatura, força iônica, da respectiva fase sólida com suas propriedades
específicas das superfícies externa e interna.
A troca de cálcio por sódio pode ser escrita como:
+ + « + 2+
2 Ca
2
1
CaX NaX
2
1
Na
{ } { }
{ } { + }
+
×
= ×
CaX Na
NaX Ca
K 0,5
2
2 0,5
Na
Ca
Trocadores iônicos relevantes
Argilominerais, zeólitas (aluminossilicatos), óxidos metálicos (principalmente
óxidos de ferro e manganês) e matéria orgânica são trocadores iônicos naturais
importantes.
Na cromatografia de íons os trocadores são resinas poliméricas de estireno
com divinilbenzeno. Estas resinas são partículas micrométricas cuja superfície é
recoberta com partículas de látex de dimensão nanométrica com sítios
funcionalizados, isto é, ativos e capazes de trocar íons com a solução. Nas resinas de
troca catiônica os sítios são grupos -SO3H que trocam H+ com os cátions da solução
(amostra) e nas resinas de troca aniônica, íons OH- do grupo funcional -[-
N(CH3)3]+OH- são trocados por ânions da solução. O traço antes do grupo funcional
representa a resina onde ele se encontra ligado por ligação covalente.
Nas colunas usadas para determinar ânions em águas, a resina é empacotada numa
coluna com 4 mm de diâmetro e 25 cm de comprimento. Antes de injetar a amostra,
a resina dentro da coluna é condicionada com solução de hidróxido de potássio
(KOH), isto é, a resina é “lavada” com solução de KOH. Desta forma, antes da
amostra ser injetada, somente ânions OH- estarão ligados aos grupos funcionais.
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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A Figura 2 é uma representação da separação de íons na coluna. Em A, depois
da injeção (tipicamente 25 mL de amostra), os ânions presentes na água (F-, Cl-, Br-,
NO2
-, NO3
-, SO4
2- e PO4
3-) são retidos conforme a reação:
-[N(CH3)3]+OH- + F- « -[N(CH3)3]+ F- + OHÂnions
fluoreto (e cloreto, sulfato, brometo, nitrito, nitrato e fosfato)
substituem os ânions OH- eletrostaticamente ligados ao grupo funcional. Em seguida,
o eluente, uma solução de KOH, ao passar pela coluna reverte a reação de troca
iônica, isto é, os ânions são novamente removidos:
-[N(CH3)3]+F- + KOH « -[N(CH3)3]+OH- + KF
A B C D
Figura 2. Representação pictórica da separação cromatográfica de íons
À medida que mais eluente passa pela coluna, as reações acima continuam.
Por isto as figuras geométricas que representam os íons estão numa posição mais
baixa em B. Em C, e mais nitidamente em D, os diferentes tipos de ânions
encontram-se separados, indicando que eles sairão da coluna sequencialmente, isto
é, uns depois dos outros, em tempos diferentes.
À medida que os íons são eluídos, eles são conduzidos ao detetor. Vários tipos
de detetores são usados na cromatografia de íons. No caso específico da
f
l
u
x
o
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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determinação de ânions (F-, Cl-, Br-, NO2
-, NO3
-, SO4
- e PO4
3-) é utilizado um detetor
de condutividade.
Na Figura 3 há um exemplo de um cromatograma de uma solução contendo
diferentes ânions, analisada num cromatógrafo de íons.
Figura 3. Cromatograma de ânions, i.e., sinal de condutividade em função do tempo.
Na ordenada a unidade de condutividade é mS/cm (microSiemens) e na
abscissa a escala é em minutos. Cada pico representa um ânion e tem um tempo
associado, denominado tempo de retenção. Ele é o tempo decorrido desde a injeção
da amostra no cromatógrafo, sua passagem pela coluna e a chegada de cada ânion
ao detetor. No exemplo, o primeiro pico, correspondente ao F- foi detectado em 3
min, o segundo, ao Cl-, em 4,8 min e assim por diante.
Na Tabela 2 há informações mais detalhadas sobre a coluna e resina usadas
para separar ânions em cromatógrafo de íons da marca Dionex.
Tabela 2. Características de colunas usadas na determinação de ânions.
Dimensões IonPac AS18 Analytical Column: 2 x 250mm e 4 x 250 mm
IonPac AG18 Guard Column: 2 x 50 mm e 4 x 50 mm
Pressão maxima de trabalho 4000 psi
Compatibilidade com a fase móvel pH 0–14; 0–100% solvents de HPLC
Características do substrato Diâmetro da pérola e tamanho dos poros:
7,5 Vm (2×250 e 4×250 mm); resina supermacroporosa (2000 Å)
13 Vm (2×50 e 4× 50 mm); resina microporosa (<10 Å)
reticulação (%DVB): 55%
Características do látex Grupo funcional: íon amônio metil quaternário (-N(CH3)3
+)
Reticulação efetiva do látex após a funcionalização: 8 %
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 25.0
-5.0
10.0
20.0
35.0 29 ABRIL #5 padrao 5 ECD_1
μS
min
1 - F - 3.090
2 - Cl - 4.807
3 - NO2 - 6.007
4 - SO4 - 8.313
5 - Br - 9.020
6 - 10.587
7 - NO3 - 10.880
8 - PO4 - 21.117
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Diâmetro do látex: 65 nm
Baixa hidrofobicidade
Capacidade 75 Veq (2 x 250 mm na coluna analítica)
2,5 Veq# (2 x 50 mm na coluna de guarda)
285 Veq (4 x 250 mm na coluna analítica)
10 Veq* (4 x 50 mm na coluna de guarda)
*As colunas de guarda são empacotadas com resina
microporosa de baixa capacidade
Construção da coluna PEEK. Nenhum componente é metálico
Detecção da condutividade
Íons em solução podem conduzir cargas elétricas. A concentração dos íons é
proporcional à corrente conduzida. Pela lei de Ohm
R = V / i
Onde R é a resistência elétrica, V a voltagem e i a corrente.
A resistência depende do tipo de condutor, por isto define-se a resistividade Q,
específica de cada substância:
Q= A.R/l
onde A é a área da seção do condutor e l o seu comprimento. A condutividade
elétrica c, com unidade de S/m (Siemens por metro) representa o inverso da
resistividade:
c= 1/Q
A condutividade elétrica de soluções de eletrólitos depende da concentração
destes. A comparação entre a capacidade de condução de diferentes soluções de
eletrólitos é obtida dividindo a condutividade elétrica pela concentração equivalente
cev dando origem à condutância equivalente L (S/m por eq/L):
L=c/cev
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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A condutividade elétrica aumenta com a concentração dos íons, a carga destes
íons e a sua mobilidade.
Numa dada solução a condutividade total é dada pela soma das concentrações
de todos os íons presentes multiplicadas pelas suas condutâncias equivalentes:
c = Σi  Li ci
A partir desta equação (que vale para soluções diluídas, ~< 10-3 M) pode-se
preparar curvas analíticas como a da Figura 4, onde as áreas (mS.min) dos picos de
fluoreto estão representadas em função das respectivas concentrações em soluçõespadrão.
Figura 4: Exemplo de gráfico de calibração do íon fluoreto
Supressão da condutividade
Após a amostra ser injetada na coluna, ela é eluida com solução de KOH. A
presença do KOH junto com os íons analisados também contribui para o sinal de
condutividade. O resultado é que a razão sinal/ruído será menor, o que implica em
maiores limites de detecção. Para eliminar este problema, logo após a eluição a
amostra passa por uma cela de supressão eletrolítica da condutividade do eluente, e
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00 4.50
F External ECD_1
Area [μS*min]
mg/L
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
10
só depois a solução chega ao detetor (Figura 5). A supressão eletrolítica funciona da
seguinte maneira: a solução do eluente (KOH) com o analito entra numa cela, onde
há três compartimentos separados entre si por duas membranas de troca catiônica.
Em cada um dos dois compartimentos mais externos, há um eletrodo, isto é, um
ânodo (+) e um cátodo(-). Quando a solução com o analito e o eluente (KOH) chega
ao compartimento central, os cátions K+ atravessam a membrana da direita (em
direção ao cátodo) e ao mesmo tempo íons H+ oriundos do compartimento do ânodo
atravessam a outra membrana e chegam ao compartimento onde está o analito e
imediatamente se combinam com os íons OH- e produzem água. Com este processo
simples, a concentração de íons (oriundos do eluente) diminui, bem como a
condutividade da solução.
Figura 5: Supressão da condutividade da solução do analito, antes dela ser conduzida ao
detetor de condutividade.
O papel dos eletrodos nos compartimentos externos é decompor a água, para
fornecer os íons H+ (ânodo) e OH- (cátodo). A corrente aplicada deve ser
proporcional à concentração do eluente.
Na Figura 6 há um esquema mais simples do processo de supressão eletrolítica
da condutividade e do seu papel na redução da condutividade de fundo
Geoquímica Analítica (21-09-2010) - Análise de águas: introdução à cromatografia de íons
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(background). Os gráficos à direita mostram que os picos dos ânions, após a
supressão de condutividade são significativamente maiores quando comparados a
sua altura sem supressão.
Figura 6. Supressão eletrolítica da condutividade e cromatogramas sem e com supressão
Bibliografia adicional:
Collins, C. H.; Braga, G. L.; Bonato, P. S.; Fundamentos de Cromatografia, Ed. Unicamp:
Campinas, 2006.
Weiss, J. Handbook of Ion Chromatography. Wiley, 2004. 2 Vol.

Ensino de técnicas de análises de minerais com ênfase na interpretação de dados: teoria e prática na formação do geólogo


 Para mais informações: http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v4/pdf-v4/pdf-v4-art2.pdf



Carlos Jorge da Cunha 1 cjdcunha@quimica.ufpr.br
Orliney Maciel Guimarães 1
Márcio Peres de Araújo 1
Eleonora Maria Gouvêa Vasconcellos 2
Joaniel Munhoz Martins 2
José Manoel dos Reis Neto 2
Fernanda Machado Martins 1


TERRÆ DIDATICA 4(1):14-27, 2008
14
C. J. Cunha et al.
AbstracT Teaching of mineral analysis techniques with emphasis on data
interpretation: theory and practice for training a geologist. An educational activity devised
as part of the Experimental Inorganic Chemistry course aims at the compliance with the
National Curriculum Directives for Geology and Engineering Geology undergraduate
courses. The activity has allowed to engage theory and practice by means of data interpretation
of analytical instrumental characterization of the elemental, structural and mineralogical
composition of minerals and rocks. Twelve selected samples of minerals were analysed by
X-ray fluorescence, powder X-ray diffraction, scanning electron EDS probe microscopy and
optical microscopy (petrography). The non-interpreted results were made available in a
homepage and students were requested to interpret the data to identify the samples. Teachers
have evaluated the activity to be suitable for a Descriptive Mineralogy course; it also helps
meeting the needs of formation of a geologist, which currently requires entangling knowledge
and action as to interpret reality, to understand processes, to identify problems and to generate
solutions.
Keywords Analysis of minerals and rocks, educational material, geologist’s
formation, competence, theory and practice.
Resumo Atividade didática inicialmente desenvolvida na disciplina Química
Inorgânica Experimental, ministrada aos alunos do Curso de Geologia da UFPR
objetivou atender às Diretrizes Curriculares Nacionais para formação do geólogo e do
engenheiro geólogo. A atividade buscou articular teoria e prática por meio da interpretação
de dados de análise instrumental de caracterização elementar, estrutural e mineralógica de
minerais e rochas. Para desenvolvimento, 12 amostras de minerais foram selecionadas e
analisadas por fluorescência de raios X, difração de raios X de pó, microscopia eletrônica de
varredura com sonda EDS e microscopia óptica (Petrografia). Documento com os resultados
não-interpretados foi disponibilizado aos alunos em uma homepage e foi solicitado que os
alunos identificassem as amostras por meio da interpretação dos dados. A avaliação dos professores
ao final do trabalho foi de que a proposta apresentada é adequada para a disciplina de
Mineralogia Descritiva e ajuda a atender às demandas exigidas para formação do geólogo, que
hoje passam pelo pensar, pelo ler a realidade, compreender os processos, identificar problemas
e gerar soluções, exigindo a articulação entre o fazer e o conhecer.
Palavras chave Análise de minerais e rochas, material didático, formação do
geólogo, competências, articulação entre teoria e prática.
ARTIGO
*Este documento deve ser referido
como segue:
Cunha J.C., Guimarães O. M.,
Araújo M. P., Vasconcellos E.M.G.,
Martins J. M., Reis-Neto J. M.,
Martins F. M., 2008. Ensino
de técnicas de análises de
minerais com ênfase na
interpretação de dados: teoria e
prática na formação do geólogo
Terræ Didatica, 4(1):14-27
<http://www.ige.unicamp.br/
terraedidatica/>
Ensino de técnicas de análises de minerais
com ênfase na interpretação de dados:
teoria e prática na formação do geólogo
Carlos Jorge da Cunha 1 cjdcunha@quimica.ufpr.br
Orliney Maciel Guimarães 1
Márcio Peres de Araújo 1
Eleonora Maria Gouvêa Vasconcellos 2
Joaniel Munhoz Martins 2
José Manoel dos Reis Neto 2
Fernanda Machado Martins 1
1 Depto. Química da Universidade
Federal do Paraná.
2 Depto. Geologia da Universidade
Federal do Paraná
TERRÆ DIDATICA 4(1):14-27, 2008
15
C. J. Cunha et al.
Introdução
As modificações ocorridas no mundo do trabalho,
referentes a muitas questões atualmente
colocadas no panorama mundial, como a globalização,
a produção flexível e as novas demandas do
mercado de trabalho, exigem adequação do perfil
profissional, o que deve impactar diretamente a
formação profissional.
Estas exigências do mundo do trabalho fizeram
com que o MEC estabelecesse mudanças nos cursos
de graduação de todo o país, por meio de diretrizes
curriculares que deveriam ser discutidas por uma
comissão de especialistas para cada área específica.
No caso dos cursos de Geologia a comissão de especialistas
foi incumbida de elaborar a proposta inicial
para discussão, sem no entanto ter sido atingido
um consenso. O MEC não aprovou plenamente a
proposta. Em paralelo, os coordenadores de cursos
de graduação de Geologia e Engenharia Geológica
de todo o país realizaram dois seminários nacionais,
que culminaram na criação do Fórum Nacional de
Cursos de Geologia, entidade voltada para fomentar
e conduzir essas e outras discussões e que adquiriu
status permanente. Diversos encontros foram realizados
para propiciar debates sobre a formação do
geólogo (Carneiro et al. 2002, 2003, 2004; Assis et al.
2005), tendo sido apresentada e publicada uma versão
de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)
(Nummer et al. 2005) elaborada pelo Fórum.
Nessas discussões verificou-se a preocupação
em formar profissionais de nível superior competentes,
com conhecimento e iniciativa, e que possam
ser absorvidos pelo mercado de trabalho.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (Nummer
et al. 2005) para cursos de Geologia e Engenharia
Geológica descrevem o seguinte perfil dos
formandos:
“...com condição de trabalhar em qualquer área de
atuação das Ciências Geológicas, que tenha interesse e
capacidade para o trabalho de campo; visão abrangente
das Geociências e de suas interações com ciências correlatas;
pleno domínio da linguagem técnica geológica
aliada à capacidade de adequação desta linguagem à
comunicação com outros profissionais e com a sociedade;
conhecimento de ciências exatas que permita abordagens
quantitativas das informações geológicas; familiaridade
com métodos e técnicas de informática, especialmente
no tocante ao geoprocessamento”.
A formação generalista descrita nas DCNs
deverá ser construída a partir de “um treinamento
prático intensivo” e conteúdos complementares
que permitam ao egresso: “...ter atitude ética, autônoma,
crítica, criativa, empreendedora e atuação
propositiva, na busca de soluções de questões de
interesse da sociedade”, neste caso são sugeridos
conteúdos de Ciências Humanas, tais como: Economia,
Filosofia da Ciência, Gestão, Administração
e Comunicação.
As competências e habilidades do Geólogo
previstas nas DC Ns, dentre outras, referem-se
a planejar, executar, gerenciar, avaliar e fiscalizar
projetos, serviços e ou pesquisas científicas básicas
ou aplicadas que visem ao conhecimento e à utilização
racional dos recursos naturais e do ambiente, o
aproveitamento tecnológico dos recursos minerais
e energéticos sob o enfoque de mínimo impacto
ambiental, novas alternativas de explotação, conservação
e gerenciamento de recursos hídricos; aplicar
métodos e técnicas direcionadas a gestão ambiental
e atuar em áreas de interface, como a Tecnologia
Mineral, Ciências do Ambiente e Ciências do Solo.
Para atender estas habilidades e competências são
propostas disciplinas de conteúdo básico (Matemática,
Estatística, Física, Computação, Química,
Biologia e Geociências), conteúdo para formação
geológica específica, conteúdos temáticos, atividades
de campo, conteúdo complementar (optativo)
e estágio supervisionado (optativo).
Segundo Kuenzer (2003), com o rápido avanço
da Ciência e sua incorporação ao setor produtivo
(reestruturação produtiva), o mundo mudou e
mudou o conceito de competência, sobre o que é
ser competente no mundo do trabalho. Se antes a
competência visava tão somente à produtividade
advinda da repetição acertada de procedimentos, o
paradigma taylorista/fordista (Antunes 2001), hoje
passa pelo pensar, pelo ler a realidade, compreender
os processos, identificar problemas e gerar soluções,
exigindo a articulação entre o fazer e o conhecer. É
esta compreensão que vai permitir que o profissional
seja competente e seja flexível em uma realidade
na qual o próprio conhecimento torna-se ultrapassado
com velocidade muito rápida.
O conceito de competência atual pode e deve
servir como ponte entre as Universidades e o mercado
de trabalho na medida em que este necessita
de profissionais competentes que saibam lidar com
situações novas, tomando decisões adequadas por
intermédio da utilização do conhecimento científico
e das experiências passadas.
TERRÆ DIDATICA 4(1):14-27, 2008
16
C. J. Cunha et al.
Apesar do discurso de que toda e qualquer
educação sempre será educação para o trabalho, é
preciso distinguir a que visa aos interesses do trabalhador,
daquela que visa aos interesses do capital.
Do ponto de vista do capital, para aumentar a
competitividade na busca pelo emprego, o profissional
deve ampliar suas possibilidades de desempenho,
complementando sua formação acadêmica específica,
por exemplo por meio de cursos de língua
estrangeira, gerência, recursos humanos e relações
interpessoais, para se tornar um profissional multidisciplinar
e capaz de corresponder às necessidades
da empresa não só na área de Geologia. Neste caso
o enfoque é a qualificação individual.
Segundo nosso ponto de vista, a inserção dos
novos profissionais decorre de uma expansão do
mercado de trabalho em função do dinamismo
econômico do país. A empregabilidade não constitui
responsabilidade direta da universidade e nem,
necessariamente, a competência profissional individual
a garantia de emprego. Tal compreensão não
significa recusar o desafio de superar as dificuldades
para criar profissionais com uma formação sólida e
ampla, que favoreça o trabalhador.
As características consideradas hoje fundamentais
em quaisquer setores de atividade, sejam
eles acadêmico ou industrial, como: visão crítica,
capacidade de tomar decisões e, principalmente,
que aprendam a aprender inseridos na realidade
histórico-social, política e econômica do país, evidenciam
a necessidade de uma educação de qualidade,
não só na graduação, mas desde o ensino
fundamental e médio.
Mais do que nunca, o ensino superior deverá
superar a concepção conteudista que o tem caracterizado,
em face de sua versão predominantemente
propedêutica, para promover mediações significativas
entre os jovens e o conhecimento científico,
articulando saberes tácitos, experiências e atitudes;
do contrário, deixará de ser útil tanto para o capital
quanto para o trabalhador.
Consideramos que a atividade profissional se
concretiza como práxis humana (Marx 1999), a categoria
práxis é central para Marx, visto que a partir
dela tem sentido a atividade do homem, sua história
e o seu conhecimento. Esta forma de conceber o
trabalho significa reconhecê-lo como atividade ao
mesmo tempo teórica e prática, intelectual e instrumental,
reflexiva e ativa. No trabalho, articulam-se
a teoria e a prática como momentos inseparáveis
do processo de construção do conhecimento e da
transformação da realidade (Kuenzer 2001).
Segundo a lógica da cisão entre a teoria e a
prática, a concepção de currículo na Universidade
tem por base o pressuposto de que há um tempo
de aprender a pensar e um tempo de aprender a
fazer. Segundo Kuenzer (2001), muitas vezes “o
estágio curricular e extra-curricular tem sido a
única janela, por onde saem os ares da teoria para
encontrar os bafejos da prática, na tentativa, quase
sempre frustrada, de buscar a reunificação da dialética
rompida”.
Assim o ensino na Universidade se faz por fragmentos
da teoria, supostamente autônomos entre
si distribuídos em conteúdos de caráter geral e os
profissionalizantes propriamente ditos. Após passar
por todos eles, virá finalmente à hora da prática,
momento em que haverá “reunificação” do saber
dividido: a atuação profissional.
O curso de Geologia da UFPR não passou
por uma reforma curricular para atender às novas
demandas do mercado de trabalho e se adequar às
DCNs. Desta maneira os professores da disciplina
Química Inorgânica e Experimental do curso de
Geologia, cientes de que o saber fazer é importante
em qualquer profissão, mas o saber pensar é fundamental
para tomada de decisão, buscaram, por meio
da discussão com os professores das disciplinas de
Mineralogia Geral, Mineralogia Descritiva e Geoquímica,
uma forma de introduzir uma atividade,
nesta disciplina de química, que venha articular
o conhecimento teórico e a prática na formação
inicial dos estudantes de Geologia. A química faz
parte do núcleo básico do atual currículo do curso
de Geologia e a realização desta atividade permitirá
aos estudantes refletirem sobre a importância dos
conteúdos das disciplinas básicas na graduação e
construir habilidades específicas no seu campo de
atuação. Este exercício e a criação de uma disciplina
de química aplicada à mineralogia, se considerado
positivo para desenvolver habilidades e competências
para a formação em Geologia, será encaminhado
como proposta ao colegiado do curso de
Geologia para incorporação oficial ao currículo.
Análise de minerais e rochas: saber fazer ou
saber pensar?
Há mais de trinta anos atrás as análises químicas
de minerais e rochas eram feitas por via úmida
com abertura de amostra em ácidos, titulações,
TERRÆ DIDATICA 4(1):14-27, 2008
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C. J. Cunha et al.
gravimetria e outros procedimentos qualitativos de
laboratório (Afonso et al. 2004), tais como: fusão
em pérola de bórax, testes de chama, aquecimento
em carvão, etc. Estas atividades eram exclusivamente
desenvolvidas por químicos e os resultados,
apesar de obtidos a partir de um trabalho árduo e
demorado, eram simples listagens de teores ou
resultados qualitativos.
Com o desenvolvimento e a popularização das
técnicas analíticas instrumentais (Skoog 1998), tais
como difração de raios X (DR X), análise elementar
por fluorescência de raios X (FRX) e microscopia
eletrônica de varredura (MEV ), o trabalho para
obtenção de dados foi grandemente reduzido mas
a complexidade teórica da interpretação cresceu
muito. Estas técnicas são instrumentos poderosos
para se identificar minerais e rochas (Gomes 1984)
e definir suas origens. No passado os geólogos e
mineralogistas dispunham apenas da microscopia
óptica e resultados de análises químicas, mas atualmente
contam também com DRX, MEV e microssonda
eletrônica que podem fornecer análises
químicas de pontos selecionados da amostra.
O ensino de técnicas analíticas modernas foi
então sendo introduzido a princípio na disciplina
de Química Inorgânica Experimental no curso
de Geologia da UFPR, ministrada concomitantemente
com a disciplina de Mineralogia Descritiva,
semestre após semestre, por meio de um trabalho
realizado em equipe e a partir dos resultados obtidos
nesta experiência didática, parte dele tem
sido desenvolvido na disciplina de Mineralogia
Descritiva.
Em nosso ponto de vista, o ensino de técnicas
analíticas para análise de minerais e rochas para
Geologia vai além do domínio da técnica, do saber
manipular as amostras e o próprio equipamento,
pois na sua atuação profissional o geólogo poderá
não dispor desta ferramenta o que o fará a recorrer a
serviço de terceiros e geralmente, estes equipamentos
são operados por técnicos treinados para este
fim. Já o saber interpretar os dados para, a partir
deles, tomar decisões é uma experiência que pode
e deve ser disponibilizada aos geólogos durante a
sua formação inicial. Articular este saber teórico
quando se estuda as propriedades dos elementos
químicos e como eles se apresentam nos minerais
e rochas fornecem significado ao aprendizado e
evitamos a cisão entre teoria e prática, por meio
da qual há um tempo de aprender a pensar e um
tempo de aprender a fazer.
Apesar das técnicas analíticas instrumentais
terem se tornado muito importantes em Geologia,
a literatura ainda é carente de livros especializados
no assunto. O livro de Klein & Hurlbut (Klein &
Hurlbut 1999) tem apenas um capítulo sobre as
técnicas analíticas, o qual é apenas informativo e ausente
de exemplos. A abordagem de Gomes (Gomes
1984), a melhor disponível em língua portuguesa,
está desatualizada. Apesar de existirem excelentes
textos sobre análises instrumentais (Skoog 1998,
Harris 2002) nenhum deles está contextualizado
para a Geologia. O texto de Gill (Gill 1989), sobre
os fundamentos de Química para Geologia, um dos
poucos livros que trata do assunto, não tem enfoque
analítico. Há alguns livros direcionados para
Geologia, especializados em uma técnica, como
por exemplo, o livro intitulado Electron Microprobe
Analysis and Scanning Electron Microscopy in Geology
(Reed 2005).
Para suprir a deficiência de textos atualizados,
em língua portuguesa, sobre as técnicas analíticas
aplicadas à Geologia, o uso de resultados publicados
em artigos tem se revelado útil, mas estes trazem o
viés da interpretação dos dados.
Os professores de química e de mineralogia
sentiram a necessidade de desafiar os alunos de
suas disciplinas com dados ainda não interpretados.
Uma alternativa seria fornecer amostras reais aos
alunos e solicitar a eles que coletassem os dados
analíticos. Infelizmente esta abordagem em nosso
caso é inviável, tendo em vista que a infraestrutura
analítica da Universidade tem priorizado as atividades
de pesquisa e sofre inconstâncias, tais como
equipamentos com defeito ou em manutenção
preventiva.
Muitos estudantes pensam que saber usar um
equipamento e dele retirarem gráficos e tabelas é
um grande aprendizado para a formação profissional
(saber fazer). No entanto, ao se depararem
com os gráficos e tabelas e tentarem interpretar os
resultados, chegam à conclusão de que interpretar é
bem mais difícil do que usar o equipamento (saber
pensar). Partindo deste ponto de vista os autores
acreditam que a ênfase do ensino das técnicas analíticas
deve ser na interpretação e não no uso dos
equipamentos que vem se tornando cada vez mais
fácil com o continuado avanço da automação e dos
softwares de operação. O presente trabalho é uma
proposta de atendimento à necessidade educacional
exposta acima contornando as limitações de infraestrutura
presente na universidade.
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C. J. Cunha et al.
A atividade didática aqui apresentada foi desenvolvida
na disciplina de Química Inorgânica
Experimental, ministrada pelo Departamento
de Química, aos alunos do curso de Geologia da
UFPR com a finalidade principal de possibilitar
aos alunos articularem a fundamentação teórica
relacionadas às técnicas instrumentais utilizadas
para caracterizar a composição química, estrutural
e mineralógica de minerais e rochas com a prática
de interpretar dados provenientes de amostras
reais. Para o desenvolvimento desta atividade foi
produzido um material didático composto de um
conjunto de dados coletados a partir do segundo
semestre de 2004 e que também são utilizados na
disciplina Mineralogia Descritiva, ministrada pelo
Departamento de Geologia. As técnicas usadas
até o momento e que geraram os dados foram:
microscopia ótica em microscópio petrográfico
com luz polarizada, microscopia eletrônica de
varredura (MEV) com microssonda EDS (Energy
Dispersive Spectroscopy), difração de raios X de
pó (DRX) e análise elementar por fluorescência
de raios X (FRX).
Metodologia da abordagem educacional
A metodologia utilizada para a realização da
atividade didática proposta consistiu em disponibilizar
aos alunos dados analíticos reais coletados
em amostras de minerais e rochas da forma como
foram obtidos diretamente dos equipamentos,
bem como a metodologia de análise utilizada e as
condições experimentais utilizadas para sua obtenção,
e demandar interpretações e respostas aos
questionamentos propostos pelos professores. Os
dados estão disponibilizados em um documento,
que pode ser obtido de um site institucional da
internet (http://www.geologia.ufpr.br/graduacao/
gradtextos.php). A metodologia de análise é explicitada
no texto que acompanha o documento. O
contexto geológico das amostras não é fornecido
em detalhes para que a interpretação dos resultados
não possa ser descoberta em uma pesquisa
bibliográfica. No entanto, a realização de pesquisa
bibliográfica, relevante à solução de problemas, é
solicitada.
Desta forma, o aluno, além dos dados obtidos
da análise realizada, terá que recorrer à literatura
para embasar suas interpretações e identificar
a amostra de mineral ou rocha que está sendo
proposta.
O documento poderá ser alterado sempre que
adaptações sejam feitas incluindo novas amostras
ou resultados de novas técnicas sobre amostras já
existentes.
No texto a seguir, chamado “documento fornecido
aos alunos”, apresentamos a parte introdutória,
com a finalidade de ilustrar. Fornecemos
um exemplo de dados obtidos para a amostra de
Piroxênio.
A atividade descrita foi aplicada no segundo
semestre de 2006 e fez parte da avaliação da disciplina
“Química Inorgânica e Experimental”,
ministrada pelo Departamento de Química ao
curso de Geologia da UFPR.
Cada documento de análise de um mineral
foi atribuído a uma equipe de dois alunos. A
cada equipe coube analisar os dados, entregar um
trabalho escrito com interpretações e respostas
às questões postuladas no documento e realizar
uma apresentação oral para a turma no final do
semestre.
Documento fornecido aos alunos
Introdução
O documento a seguir possui dados analíticos
coletados em diversas amostras de minerais. A seção
de metodologia explicita os detalhes da coleta
dos dados. Os resultados para cada amostra são
em seguida apresentados, em uma seção específica,
tais como foram obtidos dos equipamentos, e
não estão interpretados. O professor irá atribuir
uma ou mais amostras para sua equipe. No fim de
cada seção há questões para você responder usando
os dados disponíveis e/ou pesquisa bibliográfica
e internet. Dentre os dados coletados pode haver
informações redundantes ou desnecessárias para a
resposta às questões propostas, você deve decidir
quais dados devem usar. O objetivo do trabalho é
simular a real atividade de caracterização analítica
de minerais e rochas com ênfase na interpretação
dos resultados e não na obtenção dos mesmos.
Metodologia de Coleta de Dados Analíticos
A tabela 1 lista doze amostras de minerais selecionadas
e suas respectivas procedências. Na figura
1 podem ser vistas as amostras em bloco que estão
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C. J. Cunha et al.
Tabela 1 - Amostras de minerais e rochas, sua respectiva procedência e tipo de aplicativo de calibração usada na
análise elementar de FRX realizada
seção rocha/mineral estado físico procedência aplicativo de
calibração FRX
1 Barita bloco Minas Gerais semi-q
2 Calcita bloco Paraná quantitativo
3 Feldspato bloco Paraná quantitativo
4 Galena bloco Adrianópolis – Paraná semi-q
5 Ilmenita bloco Minas Gerais semi-q
6 Calcopirita bloco Carajás – Pará semi-q
7 Piroxênio bloco Minas Gerais semi-q
8 Quartzo bloco Rio Grande do Sul quantitativo
9 Turmalina bloco Minas Gerais semi-q
10 Zeólita bloco Londrina – Paraná semi-q
11 Talco* pó Itaiacoca – Paraná semi-q
12 Argila* pó Rio Branco do Sul - Paraná semi-q
Figura 1 - Amostras usadas no presente trabalho. De cada amostra foi cortada uma parte para confecção de lâmina

petrográfica e pulverização. Estas amostras ficam disponíveis no laboratório para os alunos analisarem durante a
realização do trabalho. Em cima, da esquerda para a direita : turmalina, feldspato, zeólita, barita. Em baixo, da
esquerda para a direita : calcita, quartzo, ilmenita, galena, calcopirita, piroxênio. A folha de papel tem tamanho
A4
disponíveis no laboratório para inspeção.
Microscopia Óptica (Petrografia) e Microscopia
Eletrônica de Varredura
Foi confeccionada uma lâmina petrográfica
de cada amostra, cortada em serra diamantada e
colada com araldite sobre uma lâmina de vidro
de 2 x 2 cm. A lâmina foi polida até a espessura
aproximada de 0,03 mm e foi usada para a identificação
dos minerais em um microscópio de luz
polarizada, modelo Olympus SZ-CTV, e imagens
micrográficas foram capturadas com o microscópio
Olympus BX60, com o software Image-Pro Plus,
disponíveis no Laboratório de Mineralogia e Petrologia
(LAMIN) do Departamento de Geologia
da UFPR. A mesma lâmina foi usada para registrar
as imagens BSE (elétrons retro espalhados), os espectros
EDS pontuais e os mapas bidimensionais
de composição elementar, no microscópio eletrônico
de varredura, modelo JEOL JSM-6360, Low
Vaccum, com probe EDS thermonoran, do Centro de
TERRÆ DIDATICA 4(1):14-27, 2008
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C. J. Cunha et al.
Microscopia Eletrônica CME do Setor de Ciências
Biológicas da UFPR.
Fluorescência de Raios X (FRX) e Difração de Raios
X (DRX)
Uma parte de cada amostra de rocha foi cortada,
britada e pulverizada. As amostras de Argila e Talco
foram apenas secas (80 oC, 24 h) e pulverizadas.
Para as amostras de Calcita, Feldspato e Quartzo,
parte do pó foi usado para confeccionar uma
pastilha em pérola de tetraborato de lítio. Para as
amostras de Galena, Ilmenita, Calcopirita, Barita,
Turmalina, Piroxênio, Zeólita, Talco e Argila parte
do pó foi prensado em forma de pastilha. Cada
pastilha (pérola ou pó prensado) foi usada para se
registrar os espectros de FRX, dos quais se extraiu
a composição química por manipulação dos dados
com a linha de calibração mais apropriada. A linha
de calibração, semi-quantitativa (semi-q), ou quantitativa,
usada para cada amostra, pode ser vista na
tabela 1. O equipamento usado foi o Espectrômetro
de Raios X Phillips PW 2400 do LAMIR.
Parte do pó, de cada amostra, foi usada para a
determinação da perda ao fogo. Antes da determinação
da perda ao fogo a amostra em pó é seca a
100oC por 8 horas. No experimento de perda ao
fogo, cerca de 1 grama de amostra seca é pesada,
com exatidão (M1 = massa do cadinho mais amostra),
dentro de um cadinho de porcelana (Mc =
massa do cadinho vazio) e é aquecida a 1000oC por
três horas. Após resfriado à temperatura ambiente o
cadinho com a amostra calcinada é pesado (M2 =
massa do cadinho mais amostra calcinada). A perda
ao fogo, percentual, é calculada a partir da relação
100 x [(M1-M2)/(Mc-M1)].
Parte do pó, de cada amostra seca, foi usada para
se obter um difratograma, em modo θ/2θ, entre
10 e 80o no Difratômetro de Raios X Shimadzu
LabX XRD 6000, do Departamento de Química da
UFPR, com radiação Cu-Kα (λ = 1,5418 Å).
Resultados
Os resultados das análises químicas elementares
por FRX, os difratogramas de raios X, as imagens
de MEV-EDS, os espectros de EDS e as imagens de
microscopia ótica, são apresentados na seção relativa
a cada amostra. Os difratogramas estão disponíveis
em planilhas eletrônicas de cálculo no computador
do laboratório de ensino os quais podem ser manipulados
ou copiados em formato eletrônico.
Um exemplo:
Resultados para a amostra Piroxênio
FRX
A tabela A-1 traz os resultados da análise química
elementar feita por fluorescência de raios X.
MEV com EDS
A inspeção da amostra de Piroxênio, com imagens
BSE, revelou a possível presença de mais de
uma fase devido às diferentes texturas observadas.
Uma imagem BSE representativa pode ser vista
na figura A-1.
Na região em foco na figura A-2 foram selecionados
quatro pontos, indicados sobre a imagem,
para a coleta dos espectros de EDS mostrados na
figura A-3 e tabela A-2.
Tendo em vista que os quatro espectros revelaram
composições químicas muito semelhantes não
foi feito mapeamento químico.
DRX
A figura A-4 tem o difratograma de raios X de
pó da amostra de Piroxênio.
Microscopia óptica
A partir da lâmina delgada foram obtidas fotomicrografias
da amostra analisada, com polarizadores
paralelos e cruzados, conforme figuras A-5a
e A-5b, respectivamente.
Piroxênio
Al2O3 0,73
CaO 23,80
Cr 0,19
Fe2O3 5,72
MgO 11,41
MnO 0,19
Na <<
Ni <<
P <<
S <<
SiO2 55,81
Sr <<
Zn <<
P.F 2,15
Tabela A1- Amostra piroxênio por FRX
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Figura A-3 - Espectros EDS coletados nos pontos 1, 2, 3
e 4 respectivamente, mostrados na Figura A-2
Figura A-1 - Imagem BSE obtida na amostra de
Piroxênio
Figura A-2 - Imagem BSE da amostra de Piroxênio,
voltagem de aceler ação de 17,0 kV e
magnificação de 100 x. Sobre a imagem estão
marcados os pontos 1, 2, 3 e 4 que foram alvos
da análise com EDS
Figura A-4 - Difratograma de raios X de amostra
de Piroxênio
Figura A-5 - Fotomicrografias de Piroxênio: (a) luz
natural e (b) luz polarizada
(a)
(b)
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Net Counts
C-K O-K Na-K Mg-K Al-K Si-K S-K Cl-K K-K Ca-K Fe-K Mo-L Ba-L
Base_pt1 2400 17235 617 18011 1246 48288 212 12404 1382 597
Base_pt2 2553 18148 731 17207 1106 48130 733 12234 1155 897
Base_pt3 2932 12891 753 14363 761 48394 269 18555 1187
Base_pt4 5097 11887 944 10901 843 39594 1306 398 17579 1363 1852
Weight Concentration %
C-K O-K Na-K Mg-K Al-K Si-K S-K Cl-K K-K Ca-K Fe-K Mo-L Ba-L
Base_pt1 10.11 47.83 0.44 9.01 0.56 19.54 0.14 8.99 2.87 0.52
Base_pt2 10.34 48.22 0.51 8.51 0.49 19.12 0.36 8.64 2.35 1.47
Base_pt3 12.28 43.06 0.55 7.39 0.34 19.89 0.16 13.80 2.54
Base_pt4 18.11 39.88 0.68 5.62 0.38 15.92 0.65 0.25 12.59 2.83 3.10
Weight % Error
C-K O-K Na-K Mg-K Al-K Si-K S-K Cl-K K-K Ca-K Fe-K Mo-L Ba-L
Base_pt1 +/-0.23 +/-0.46 +/-0.08 +/-0.10 +/-0.05 +/-0.12 +/-0.04 +/-0.14 +/-0.14 +/-0.08
Base_pt2 +/-0.39 +/-0.47 +/-0.08 +/-0.10 +/-0.05 +/-0.13 +/-0.03 +/-0.13 +/-0.23 +/-0.25
Base_pt3 +/-0.35 +/-0.46 +/-0.08 +/-0.09 +/-0.05 +/-0.12 +/-0.03 +/-0.17 +/-0.26
Base_pt4 +/-0.39 +/-0.49 +/-0.07 +/-0.09 +/-0.04 +/-0.11 +/-0.06 +/-0.04 +/-0.17 +/-0.26 +/-0.16
Atom Concentration %
C-K O-K Na-K Mg-K Al-K Si-K S-K Cl-K K-K Ca-K Fe-K Mo-L Ba-L
Base_pt1 16.12 57.25 0.36 7.10 0.40 13.33 0.07 4.29 0.98 0.10
Base_pt2 16.48 57.68 0.42 6.70 0.35 13.03 0.22 4.13 0.80 0.20
Base_pt3 19.83 52.19 0.46 5.89 0.25 13.73 0.09 6.68 0.88
Base_pt4 28.68 47.43 0.57 4.40 0.26 10.78 0.38 0.12 5.98 0.96 0.43
Atom % Error
C-K O-K Na-K Mg-K Al-K Si-K S-K Cl-K K-K Ca-K Fe-K Mo-L Ba-L
Base_pt1 +/-0.36 +/-0.55 +/-0.07 +/-0.08 +/-0.03 +/-0.08 +/-0.02 +/-0.07 +/-0.05 +/-0.02
Base_pt2 +/-0.62 +/-0.56 +/-0.07 +/-0.08 +/-0.03 +/-0.09 +/-0.02 +/-0.06 +/-0.08 +/-0.04
Base_pt3 +/-0.57 +/-0.56 +/-0.07 +/-0.07 +/-0.03 +/-0.08 +/-0.02 +/-0.08 +/-0.09
Base_pt4 +/-0.61 +/-0.59 +/-0.06 +/-0.07 +/-0.03 +/-0.08 +/-0.03 +/-0.02 +/-0.08 +/-0.09 +/-0.02
Tabela A-2 - Contagens totais, % em massa e % em mol de átomos estimadas para os pontos 1, 2, 3 e 4 (Fig. A-2) a
partir do espectro de EDS
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C. J. Cunha et al.
Questões
Questão A-1) É convenção, na Geologia, apresentar
a tabela dos teores de elementos, na forma de
óxidos, na ordem decrescente do estado de oxidação.
Organize a Tabela A-1 segundo esta convenção.
Questão A-2) Calcule a fórmula estrutural nos
quatro pontos analisados por EDS , na base de 6
oxigênios, conforme Anexo 1, de Deer et al. (2000),
projete os resultados no diagrama de Morimoto
(1988, apud Deer et al. 2000) e classifique o tipo
de Piroxênio.
Questão A-3) Proceda da mesma maneira com o
resultado obtido por FRX e compare o ponto projetado
no diagrama de Morimoto (1988) a partir desta
técnica, com os pontos obtidos no EDS .
Questão A-4) Faça o recálculo da análise da
amostra. O recálculo da fórmula deverá ser feito
após a identificação das fases minerais presentes e
deve envolver uma estimativa dos teores relativos
de cada fase, se houver mais de uma.
Questão A-5) Identifique a fase escura e a fase
cinza.
Questão A-6) Compare a % em massa obtida
por EDS com àquela obtida por FRX levando-se
em consideração que a análise do EDS é pontual e
a do FRX é uma média obtida de uma massa representativa
de toda a amostra.
Questão A-7) Interprete o difratograma de raios
X comparando as posições dos picos medidos com as
dos picos das fases minerais de referência que você
supõe estarem presentes. Os difratogramas das fases
dos minerais de referência podem ser visualizados
no site mincryst.
Avaliação da atividade didática proposta
A atividade didática desenvolvida pelos alunos
foi avaliada no final do semestre por meio de um
questionário contendo 13 questões relativas ao trabalho
realizado. Os formulários foram preenchidos
anonimamente ao final da última prova do semestre
e colocados em um envelope que foi lacrado em
sala de aula e só foi aberto após a emissão oficial
das notas finais da disciplina.
Os resultados obtidos nesta avaliação podem
ser vistos na tabela 2.
O questionário foi dividido em três grupos de
perguntas, o primeiro grupo corresponde a oito
perguntas (1 a 8) relativas à natureza e ao desenvolvimento
do trabalho realizado. O segundo grupo
corresponde a três perguntas (9 a 11) relativas ao
uso do computador e da internet e o terceiro grupo
corresponde a duas perguntas (12 e 13) relativas à
opinião dos alunos sobre as técnicas estudadas.
Foram atribuídos pesos diferentes a cada uma
das quatro respostas dadas às perguntas dos grupos
1 e 2. Para a resposta A, a mais positiva, foi dado
o peso 2, à resposta B foi dado peso 1, à resposta
C foi dado peso -1 e à resposta D, a mais negativa,
foi dado peso -2.
Uma análise geral dos resultados obtidos mostra
que os alunos consideraram a atividade realizada
positiva em todos os aspectos. Como também, foi
considerada igualmente positiva a contribuição da
atividade para o entendimento da utilização das
técnicas em Geologia e as discussões durante as
apresentações que foram úteis, complementando
este entendimento, o que possibilitou à maioria
dos alunos a compreender a utilização das técnicas
estudadas em sua atividade profissional. A atividade
desenvolvida possibilitou aos alunos articular o
conhecimento teórico sobre as propriedades dos
elementos presentes em minerais e rochas com um
problema prático, identificar amostras de minerais
e rochas reais a partir de dados provenientes de
análises instrumentais, uma situação concreta que
demandará a sua futura prática profissional. Segundo
Marx e Engels “o homem só conhece aquilo que
é objeto de sua atividade, e conhece porque atua
praticamente”. A práxis, portanto, é compreendida
como atividade material, transformadora e orientada
para a consecução de finalidades.
O trabalho realizado pelos alunos permite
compreender dialeticamente, o conceito de práxis,
que relaciona a teoria e a ação. Sobre esta forma de
compreender, Vázquez (1977), mostra que “uma
teoria é prática na medida em que materializa, por
meio de uma série de mediações, o que antes só
existia idealmente como conhecimento da realidade
ou antecipação ideal de sua transformação”.
E, a partir desta diferenciação, compreender a
especificidade do trabalho educativo escolar para
que se possa verificar a possibilidade de desenvolver
profissionais competentes a partir da universidade.
Dentre as perguntas do grupo 1, as que tiveram
a avaliação mais negativa foram as questões 3 e 7.
A interpretação que damos sobre esta avaliação na
questão 3, é que os alunos acreditam que a dificuldade
na interpretação dos dados esteja relacionada
com o fato de não terem manipulado as amostras,
utilizado os equipamentos e coletado os dados, deTERRÆ
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Tabela 2 - Resultados da avaliação do trabalho pelos alunos. Foram entregues e recolhidos 32 formulários. A nota ponderada foi dada atribuindo-se peso +2 para a resposta A, peso
+1 para a resposta B, peso -1 para a resposta C e peso -2 para a resposta D
Ítem Questão Resposta A Resposta B Resposta C Resposta D Total de
respostas
Nota ponderada
1 O que você achou do trabalho em linhas gerais? 4 muito bom 20 bom 6 ruim muito ruim 30 0,7
2 A realização do trabalho ajudou você a compreender a
utilidade das técnicas analíticas instrumentais?
7 ajudou muito 18 ajudou 5 ajudou pouco 1 não ajudou 31 0,8
3 O fato de você não ter coletado os dados, dificultou as
interpretações?
3 não dificultou 11 dificultou pouco 14 dificultou 2 dificultou muito 30 0,0
4 A apresentação dos dados no formato PDF foi
adequada?
9 muito adequada 22 adequada inadequada muito inadequada 31 1,3
5 O que você achou das apresentações, incluindo as
discussões?
9 muito úteis 17 úteis 4 pouco úteis 1 inúteis 31 0,9
6 O que você achou da orientação do Professor? 5 muito boa 18 boa 7 ruim 1 muito ruim 31 0,6
7 A fundamentação teórica das técnicas, abordada na
disciplina, foi adequada para a compreensão dos
resultados?
1 muito adequada 18 adequada 8 inadequada 3 muito inadequada 30 0,2
8 Você acha que estas técnicas serão potencialmente úteis
para a sua vida profissional?
10 muito úteis 14 úteis 6 pouco úteis 1 inúteis 31 0,8
média
(1 a 8)
0,7
9 Como você classifica o seu acesso à internet? 14 muito bom 10 bom 6 ruim 1 muito ruim 31 1,0
10 Como você classifica o seu acesso a computador? 17 muito bom 10 bom 1 ruim 3 muito ruim 31 1,2
11 Como você classifica a sua habilidade com softwares? 3 muito bom 19 bom 7 ruim 2 muito ruim 31 0,5
média
(9 a 11) 0,9
12 Qual das técnicas você achou mais interessante? 13 MEV com EDS 7 FRX 10 DRX de pó 1 microscopia óptica 31
13 Que tipo de dados você teve maior dificuldade em
interpretar?
12 MEV com EDS 10 FRX 8 DRX de pó 1 microscopia óptica 31
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C. J. Cunha et al.
monstrando que grande parte deles apresentam uma
visão empirista-indutivista do conhecimento científico
(Borges,1996), ou seja, acreditam que por meio da
prática (observação, coleta de dados e operando equipamentos)
conseguirão compreender melhor a teoria
(fundamentação das técnicas), desconhecendo que a
forma como é planejada e desenvolvida uma atividade
prática provém da reflexão que se tem da teoria.
Em relação à questão 7, relativa ao fato da fundamentação
teórica ter sido suficiente para embasar
as interpretações, embora apresente uma média positiva,
uma análise mais minuciosa das apresentações
e depoimentos dos alunos durante a exposição dos
seus trabalhos nos fez refletir sobre a inadequação da
atividade para a disciplina de Química Inorgânica e
Experimental, pois a abordagem teórica das técnicas
instrumentais não sendo aprofundada nesta disciplina
dificulta a interpretação dos dados para algumas amostras
de minerais e rochas mais complexas e sem um
mínimo de conteúdo teórico o movimento dialético
que estabelece a práxis não se concretiza. Desta maneira
os professores acreditam que a proposta didática aqui
apresentada deve fazer parte da parte experimental da
disciplina Mineralogia Descritiva para atender os objetivos
iniciais pensados para a atividade.
Quanto às respostas dadas às perguntas do grupo
2 a que teve avaliação mais positiva foi a questão
10 relativa ao acesso a computador. A avaliação mais
negativa ficou por conta da habilidade pessoal com
softwares, pergunta 11. Na avaliação dos professores
as planilhas de cálculos para manipular resultados é o
software menos dominado pelos alunos. Definir quais
softwares são os mais limitantes deve ser objeto de estudos
futuros na área de ensino, principalmente aqueles
demandados para atuação dos geólogos no campo
profissional. As médias ponderadas, calculadas para os
dois grupos de perguntas, revelam que as habilidades
com computador e acesso à internet (média 0,9) foram
menos limitantes que o desenvolvimento do trabalho
propriamente dito (média 0,7).
No terceiro grupo de perguntas nos surpreende o
fato de apenas um aluno ter achado como técnica mais
interessante a microscopia ótica tendo em vista que esta
técnica é informativa e muito atrativa visualmente. As
técnicas classificadas como mais interessantes foram
MEV e DRX e as que apresentaram mais dificuldade
de interpretar foram MEV e FRX. Apesar de não ter
sido separado, no formulário, a MEV (micrografias)
de EDS (análise elementar percentual em um dado
ponto da micrografia) os professores acreditam que a
dificuldade a que se referem os alunos em relação ao
MEV foi, na verdade, atribuída ao EDS que, em essência,
apresenta a mesma dificuldade de interpretação do
FRX (análise elementar percentual média do mineral).
Sendo assim, a maior dificuldade de interpretação terá
sido em relação aos resultados numéricos, caso do FRX
e EDS, e não dos resultados qualitativos, caso das micrografias
MEV, dos espectros DRX e das imagens de
microscopia ótica.
A qualidade dos trabalhos realizados pelos alunos
foi muito variada, houve alunos que interpretaram
com facilidade os resultados, superaram obstáculos
com grande habilidade em relação ao domínio da
fundamentação teórica, buscando na literatura subsídios
para auxiliá-los nas interpretações e durante as
apresentações de outras equipes propuseram soluções
com grande relevância para resolver os problemas de
interpretação. Por outro lado houve alunos que não se
interessaram pelo trabalho, lidando com indiferença
e desinteresse. Esta postura observada por alguns alunos
se deve a sua formação ao longo de toda sua vida
escolar pelo contato com uma metodologia de ensino
tradicional, onde o ensino-aprendizagem é centrado
no professor que expõe todo o conteúdo, explica os
conceitos na sua forma final, fornece respostas definitivas,
diz aos alunos se eles estão certos ou errados
e explica passo a passo a solução do problema a partir
de um único procedimento, quando deveria elaborar
questões investigativas para extrair os conceitos, extrair
dos alunos respostas para revelar o que eles conhecem
ou pensam sobre o conceito, fornecer aos alunos
oportunidade para procurar resoluções para o problema
proposto, propiciar uma discussão do problema e
incentivar os alunos a explicarem os conceitos com as
suas próprias idéias (Ferreira 2006).
Assim como houve uma grande diferença nas
atitudes e interesses pessoais dos alunos pelo trabalho,
também houve variações no grau de dificuldade na interpretação
de dados pelas equipes. Há minerais como
o quartzo em que a interpretação dos dados apresentada
é muito simples, enquanto que os dados para a amostra
de Piroxênio são bem difíceis, o que dificultou a avaliação
por parte dos professores. Esta disparidade no
grau de dificuldade entre os trabalhos não desqualifica
a atividade proposta, mas deverá ser considerada pelo
professor numa próxima aplicação.
A avaliação das dificuldades dos alunos em relação
à interpretação das técnicas aponta para o reforço teórico
na interpretação dos dados de análises elementares
percentuais (recálculos) e DRX e para uma maior
valorização da utilidade da microscopia ótica com luz
polarizada em Geologia.
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C. J. Cunha et al.
Considerações Finais
As novas demandas impostas pela globalização
da economia e pela reestruturação produtiva exigem
que a educação proponha um novo princípio educativo
e uma nova proposta pedagógica que formem
um profissional apto a conviver neste novo mundo
do trabalho.
O profissional de Geologia de nível superior
precisa estar preparado para enfrentar o mundo do
trabalho cada vez mais competitivo e exigente, como
também, preparado para enfrentar os desafios de
uma nova sociedade que apresenta novas modalidades
de emprego e novas configurações de trabalho.
Os cinco anos de graduação devem servir para,
além da aquisição dos conhecimentos necessários à
formação desse profissional, desenvolver atitudes
maduras e buscar alicerçar uma postura profissional
diferenciada.
Consideramos que a atividade didática proposta
permite atender mesmo que parcialmente às
competências exigidas para formação do geólogo,
que hoje passam pelo pensar, pelo ler a realidade,
compreender os processos, identificar problemas e
gerar soluções o que requer competências cognitivas
complexas que implicam o desenvolvimento da
inteligência, muito além da memória, exigindo uma
articulação entre o fazer e o conhecer.
Agradecimentos
Os autores agradecem às seguintes pessoas pela
colaboração na realização do presente trabalho:
No Centro de Microscopia Eletrônica – UFPR:
Vera Regina Fontana Piontek, Sérgio Tokunaga,
Rosângela Borges Freitas e Prof. Dr. Ney Mattoso.
No Laboratório de Análise de Minerais e Rochas
- LAMIR UFPR: Rodrigo Secchi, Douglas Piovesan,
Luciane Lemos do Prado, Elisiane Roper Pescini,
Carlos Lara Ribeiro, Joaniel Munhoz Martins.
No Departamento de Química da UFPR: Prof.
Dr. Aldo Zarbin, Prof. Dr. Fernando Wypych, Paula
Zangaro e Mariane Schnitzler.
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Telefones: +55 19 3521 4564 e 3521 4568 - Fax +55 19 3521 4552
e-mail: terraedidatica@ige.unicamp.br
www.ige.unicamp.br/terraedidatica
TerræDidatica ISSN 1679-2300
geosciences ● geography ● environment