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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Garimpo uruguaio retira 40 quilos de ouro por semana

Sandro Dalpícolo Minas de Corrales (Uruguai)


Indisponivel/Indisponivel

Ouro e prata são fundidos em um forno a 1.200ºC e dão origem a um lingote de 16 quilos

Em um país de tantos contrastes, a riqueza também se esconde nas profundezas da terra. Minas de Corrales fica perto da fronteira com o Brasil. Quilômetros de túneis abandonados são marcas de um tempo em que o vilarejo era a esperança de um novo eldorado.

"Eu sei de lugares com muito ouro nos rios", conta o aposentado Tito Pereira, de 87 anos. Ele descobriu o fascínio do ouro aos 14, quando aprendeu a garimpar. Os gestos são pacientes, e a leitura do que ficou no fundo da bateia é rápida. "Tem pouco ouro", constata. Em um veiozinho de água parada, seu Tito faz uma nova tentativa. E não é que ele estava certo?

A opinião de seu Tito sempre foi consulta obrigatória para os forasteiros que chegam em busca do ouro e que vão onde for preciso para encontrá-lo.

A detonação abre caminho para carregadeiras e caminhões gigantes. Uma empresa canadense tira, em média, 40 quilos de ouro por semana do subsolo de Minas de Corrales.

A pedra que se quebra na detonação é apenas o começo, em um garimpo cheio de tecnologia. E não é difícil entender por que se escava tanto e se explode tanta pedra. Em um pedacinho de rocha existe muito ouro. São pontinhos bem pequenininhos. Um caminhão carregado com 50 toneladas de pedra leva, em média, 50 gramas de ouro, o equivalente ao peso de um pãozinho francês.

Das caçambas, as pedras passam por trituradores que transformam tudo em pó. Produtos químicos separam o ouro e a prata das pedras moídas.

Observados por câmeras e cercados por homens armados, a equipe do Globo Repórter foi até onde poucos podem chegar.

O desfecho de todo o processo – e, por questões de segurança, um momento raro de se ver – é quando ouro e prata são fundidos em um forno a 1.200ºC. O mesmo calor que encravou o ouro entre as pedras, debaixo da terra, há milhões de anos, agora é usado para transformá-lo em barras. O resultado é um lingote de 16 quilos, que mistura ouro e prata, chamado doré. Mas será que o ouro traz felicidade?

Seu Tito, o velho garimpeiro, diz que não ficou rico com o que encontrou. Para ele, a mulher vale mais que ouro. A dona de casa Marta Pereira conta que, em 54 anos de casados, eles nunca brigaram – nem quando seu Tito sumia nos riachos para garimpar – e se emociona com a declaração do marido. "Para mim, foi muito reconfortante, maravilhoso, bonito e romântico", define.

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